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quarta-feira, 21 de abril de 2010
O luxo responsorial custa R$1120,00... Ah, vai... Mas, é do Vik Muniz...
Jovens carentes do Rio de Janeiro estampam um lenço de seda que custará R$ 1.120 no Brasil e, depois, poderá ser vendido nas 446 lojas da LV em 62 países. O lenço é assinado por um dos maiores artistas contemporâneos brasileiros, Vik Muniz. Ele vive há 27 anos em Nova York, mas, quando vem ao Brasil, dá aulas de fotografia a 21 jovens num galpão de 700 metros quadrados, equipado com tecnologia de ponta, na zona portuária carioca. A parceria entre uma marca global de alto luxo, uma ONG carioca e um artista consagrado como Vik tem um conceito por trás: é a onda do “luxo responsorial”,que significa responsabilidade social. Ao contribuir para a formação de indivíduos, algumas megaempresas sentem que, assim, não descolam totalmente do mundo real.
Criado num sítio pobre em Minas Gerais, onde aos domingos todos vestiam camisa engomada branca para ir à missa, Vik conta que chegou a dormir ao relento como imigrante em Nova York, quando tentava ser reconhecido como artista. Hoje, já realizou mais de 120 exposições no mundo inteiro. A pedido da Louis Vuitton, reinventou o logotipo tradicional e centenário da marca, formando as iniciais LV com as carinhas e os sorrisos da rapaziada da periferia, de 17 a 24 anos, que aprende a fazer arte. A fotografia de Vik é intitulada Individuals – Pictures of people 2009 (Indivíduos – Fotografias de gente 2009).
“Estamos erguendo pontes e ampliando o olhar”, diz Vik, que se comporta como a antítese da estrela, embora seus trabalhos alcancem cifras milionárias, estejam no acervo de museus e galerias em Nova York e Paris e sejam disputados por colecionadores. Fala com entusiasmo e simplicidade sobre a arte como magia transformadora de vidas. Vik se diz fã da construção de valor em marcas como a LV, falsificada em todos os continentes por gente de qualquer idade: “Recentemente, em Tóquio, vi uma menina que tinha pintado o logotipo da Louis Vuitton de cima a baixo, na jaqueta e na calça jeans”.
Vik diz não ter cobrado nada pela criação do lenço, mas não enxerga nisso um “caráter filantrópico”. Segundo o artista, quem na verdade está cedendo sua imagem são os jovens da Spectaculu – Escola Fábrica de Espetáculos – , ONG fundada por Gringo Cardia e Marisa Orth em 2000 (Acho que esse parte eu não acreditei muito... Menos, Vick). O curso de fotografia que Vik dá há um ano é financiado pela Louis Vuitton.
O que pensam esses jovens que não têm a menor possibilidade de comprar um produto da LV? Em vez de preconceito com o alto luxo, eles disseram ter sentido orgulho por participar de um projeto maior. E começaram a sonhar mais longe. O galpão é decorado por cartazes de espetáculos nos Estados Unidos e na Europa e vários jovens já foram enviados ao exterior. “A arte”, diz Vik em suas aulas sobre a “cognição do olhar”, “é um grande mundo conector de mundos diferentes, onde podem-se se encontrar o luxo e o lixo.” Vik acaba de fazer um filme sobre o aterro sanitário de Gramacho, no Rio, chamado Wasteland (que ele traduziu para Lixo extraordinário), exibido no Festival de Berlim.
A Louis Vuitton, há 20 anos no Brasil, abriu mês passado sua primeira loja em Brasília (Pq será?!), com 200 metros quadrados e uma videoinstalação de Vik que mostra todo o processo de criação com os jovens de 16 bairros e favelas do Rio. A empresa ainda não decidiu se parte da renda obtida com a venda do lenço de seda será revertida para garantir a sobrevivência da Spectaculu. Em dias de chuva, o galpão alaga. E a umidade e o mofo sobem pelas paredes(Não vou comentar nada de forma irônica agora! Juro!).
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